O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), afirmou nesta sexta-feira à Reuters que as mudanças de membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara têm por objetivo garantir uma “vitória segura” da rejeição da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva no colegiado.
Rossi pediu na véspera a efetivação do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) –um dos integrantes da tropa de choque do governo– como titular da CCJ no lugar do correligionário José Fogaça (RS).
Desde que a denúncia de Temer chegou à CCJ, no dia 29 de junho até esta sexta-feira, três titulares da comissão foram trocados. Além de Marun, os deputados Laércio Oliveira (SD-SE) e Evandro Roman (PSD-PR) já foram trocados. Marun e Roman serão efetivados na segunda-feira, dia em que o relator Sergio Zveiter (PMDB-RJ) apresentará seu parecer sobre o caso.
O líder peemedebista defendeu essas trocas. “Acho absolutamente natural essas mudanças, é uma prerrogativa dos líderes”, afirmou ele, ao negar que o governo está agindo dessa forma porque estaria se enfraquecendo politicamente.
Rossi fez até uma projeção mais otimista para os apoios na comissão do que Marun, que disse que, dos 66 votos, o governo tinha certeza de 32.
“Digo que o governo terá pelo menos 38 votos”, disse. “Nós já tivemos um crescimento, não é otimismo não, é pé no chão”, disse. Ele espera uma votação sólida também no plenário.
Para dar andamento à denúncia contra Temer, são necessários os votos de 342 deputados favoráveis à acusação dos 513 deputados.
CONSPIRAÇÃO
O líder do PMDB afirmou que acredita que o relator da denúncia contra Temer, deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), tido como independente dentro do partido, vai apresentar um parecer contrário à autorização de julgar a denúncia do presidente.
“Temos plena confiança de que ele fará um relatório técnico e, se for técnico, será pela falta de provas de que o presidente tenha cometido qualquer ilícito”, disse.
Por ora, segundo o deputado, não há um plano B para o caso de Zveiter apresentar um parecer pela autorização da denúncia. Ele disse que, se isso ocorrer, há vários deputados aliados na comissão que apresentariam outro texto para barrar a acusação.
Rossi minimizou as declarações do presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), de que o governo estaria próximo à ingovernabilidade e que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria condições de dar estabilidade ao país até 2018.
Segundo o líder peemedebista, Tasso falou “enquanto pessoa física, não falou pelo partido”, uma vez que os quadros mais importantes do PSDB estão em cargos no governo.
“Entendo que ele não fala em nome do partido, porque seria muito desleal ocupar quatro ministérios e fazer conspiração”, afirmou o peemedebista, que destacou ainda que não vê nenhuma atuação de Maia para assumir o comando do país. Ele é o sucessor natural de Temer, caso o presidente seja afastado.Reuters