A presidente Dilma Rousseff deveria permanecer no cargo, apesar dos pedidos de impeachment, disse o jornal financeiro britânico Financial Times em editorial nesta segunda-feira.
O texto, intitulado “O descontentamento crescente no Brasil com (Dilma) Rousseff”, diz que a presidente está em uma “posição precária” devido à economia e ao escândalo de corrupção alimentado pelas revelações da Operação Lava Jato, mas defende que ela termine seu mandato.
“A presidente deveria permanecer no cargo, apesar dos pedidos por impeachment”, diz o jornal. Segundo o texto, se Dilma for afastada, será provavelmente substituída por outro “político medíocre” que tentaria implementar as mesmas medidas de estabilidade econômica dela.
O editorial desta segunda-feira mantém a linha de textos anteriores, como o de 23 de março último, em que afirmava que a crise no país “provavelmente piorará antes de melhorar”, sem, no entanto, pedir a cabeça da presidente.
A popularidade da presidente tem caído, influenciada pela economia e corrupção, e registrado níveis históricos, segundo institutos de pesquisa. Dilma diz que não renunciará e que cumprirá o mandato para o qual foi eleita democraticamente.
O diário financeiro cita o “deplorável histórico econômico” da presidente, com a recessão que deve prosseguir até 2016, inflação e desemprego em alta, e investimentos e confiança do investidor em queda como motivos que levaram milhares de brasileiros às ruas em protestos no domingo.
Outro motivo, segundo o jornal, seria o escândalo de corrupção na Petrobras. Dezenas de empresários e políticos, a maioria da base aliada da presidente, são investigados pela Lava Jato, da Polícia Federal, sob suspeita de participação no esquema de desvio de verbas na estatal.
A Lava Jato prendeu importantes empresários, como Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira Odebrecht, e investiga os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, também foi detido.
Dilma nega conhecimento das irregularidades na petroleira, que teriam acontecido, em grande parte, durante o seu período como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, entre 2003 e 2010. Ela tampouco foi citada por delatores que cooperam com as investigações.
“Ela pode ser culpada, pelo menos, de bruta incompetência”, diz o diário.