Uma cena chamou a atenção durante as entrevistas no Estádio Nacional, em Santiago, na última sexta-feira: um repórter pediu ao zagueiro Gary Medel que mandasse uma mensagem que tranquilizasse os torcedores porque, segundo ele, “os chilenos estão c… de medo” após a vitória de 6 a 1 da Argentina sobre o Paraguai, nas semifinais.
Exatamente com essas palavras.
Medel, claro, reagiu desconcertado. Para ele e para a maioria dos seus companheiros, é como se estivesse jogando ‘contra Lionel Messi, contra tudo e contra todos’ na decisão da Copa América com os argentinos neste sábado, a partir das 17h (de Brasília).
Em um dos momentos mais decisivos da história do futebol local e que pode pôr fim a uma espera de mais de 100 anos por um título internacional, a sensação é de que o apoio não vem de nenhum dos lados.
Ou apenas de um deles, da organização, embora não admitido.
O Chile conseguiu uma espécie de proeza ao longo de sua campanha ao unir todos os outros países em torno do desejo de ver a Argentina campeã. Não é difícil entender os motivos, e os próprios chilenos tiveram de rebatê-los na caminhada:o sorteio supostamente favorável, a tabela que lhe deixou no mesmo estádio durante toda a competição e ainda uma arbitragem contestável (foram três rivais expulsos nas últimas duas partidas).
Com essa receita, o time liderado pelo ex-palmeirense Jorge Valdivia volta a uma final depois de 28 anos.
Mesmo atraindo essas críticas, com a falta de apoio das arquibancadas e, de acordo com os atletas, da imprensa, os comandados de Jorge Sampaoli foram os donos do melhor futebol até aqui. Agora será a hora de repeti-lo para derrubar a principal ameaça ao seu sonho, Lionel Messi.
Mas o craque do Barcelona não está mais ‘sozinho contra a rapa’ no desafio de pôr fim a jejum de conquistas que perdura desde 1993. Ele finalmente encontrou um sócio, Javier Pastore – foram 49 passes do meia do Paris Saint-Germain para os seus pés nos cinco primeiros jogos.
Messi fez bom proveito deles.
Foi quem mais finalizou no torneio (26 vezes), o segundo que mais acertou o gol (8) e quem mais deu assisências, ao lado de Valdivia (3). Nos 450 minutos em que esteve em campo, faltou apenas um detalhe: o gol. Apenas um na competição.
Chegou, então, o momento de coroar a sua geração.
Ela ficou na trave duas vezes: na Copa América de 2007 e na Copa do Mundo de 2014. Falta gol, mas, mais do que isso, falta um título para os garotos que cresceram juntos após o título do Mundial Sub-20 de 2005, dentre eles, Garay, Zabaleta, Biglia, Aguero e o próprio Messi.
Não é hora de c… de medo com toda a pressão, argentinos e chilenos sabem.